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Noturnall



Versão extremamente compacta e simplificada, para quem não tem paciência de ler textões nas redes sociais (contém spoilers):

Sou o novo baixista da banda Noturnall!

NoturnallInMoscow

Versão biográfica estendida nível hard, somente para os fortes lerem:

A história que vou contar é a de um capítulo digno de conto de fadas, ou do próprio filme “Rock Star”, de uma saga que, há 20 anos atrás, nascia em minha vida em um ninho de desconfianças, incertezas e improbabilidades. Na época meus pais achavam que seria apenas mais uma febre passageira, como tantas outras paixões efêmeras que abandonei em poucos dias. Juntando isso ao fato das minhas notas estarem entre as melhores do colégio, criando expectativas na minha família de que eu me tornasse um profissional bem sucedido em alguma área “tradicional” da sociedade, ninguém esperava que eu levasse a música na minha vida mais do que como um hobby, nem mesmo eu. Portanto, aos dezesseis anos, diante da primeira grande decisão da minha vida, optei pelo caminho menos incerto, seguindo minha suposta aptidão e o suposto amplo mercado de trabalho nas áreas exatas, deixando meu coração em segundo plano.

Apesar da escolha dos meus primeiros instrumentos ter obviamente sido influenciada pelo meu gosto por Rock, naquela época eu ainda não conhecia o estilo musical que definiria minha vida, o Metal. Aos poucos, através de indicação de amigos e de pesquisas na internet, fui conhecendo algumas bandas. Uma das primeiras do estilo que ouvi, através de três músicas que um amigo me passou, foi uma brasileira chamada Angra. Minha mente guarda uma lembrança aleatória do primeiro dia de colégio daquele ano de 2000, quando uma colega comentou na aula que gostaria que o Andre Matos voltasse para o Angra, mesmo eu não sabendo do que se tratava. Mais tarde, descobri que ele, junto com outros ex-integrantes, estavam em uma banda chamada Shaman e, tanto seu primeiro álbum, o Ritual, como o álbum da nova formação do Angra, Rebirth, tornaram-se dois dos meus favoritos.

Anos depois, em 2007, fiquei sabendo de uma nova separação, em que três membros haviam deixado a banda Shaman, sendo substituídos por novos integrantes. Para muitos, a banda havia acabado ali, mas, para mim, o que importava era a qualidade das músicas e o que elas me faziam sentir, e não a fama de quem as fazia. Dessa forma, de coração aberto, ouvi o trabalho da nova formação do Shaman e achei incrível. Aquele tal de Thiago Bianchi, novo vocalista que haviam chamado para substituir o Andre Matos tinha uma voz maravilhosa e não perdia em nada para ele. Em 2010, essa banda finalmente faria um show no John Bull, em Florianópolis, o qual eu não perderia por nada. Cheguei cedo no local e encontrei os integrantes em uma mesa, tirei foto com eles, porém no final da noite, a câmera em que estavam as fotos foi roubada e eu perdi esse registro. Alguns dias atrás, até encontrei o setlist desse show no meio das minhas recordações antigas.

Avançando no tempo novamente, agora em 2014, meu amigo Daniel me pergunta se eu iria no show da banda Noturnall junto com Sepultura que aconteceria aqui em Floripa. E minha resposta foi “Quem é Noturnall?”. Então ele me explica que, resumidamente, Noturnall era o Shaman, mas com o Aquiles Priester na bateria. Não fui naquele show, pois estava viajando, mas passei a acompanhar o trabalho dessa nova banda, com músicas muito boas, de alta dificuldade técnica, mas também muito emocionantes. Participei de muitas promoções que a banda fazia nas redes sociais, como escolher o nome da nova mascote zumbi. Mas uma das mais marcantes, foi o sorteio de um contrabaixo, em que a chamada era um vídeo do baixista Fernando Quesada tocando a música Fake Healers e no texto a pergunta: “Se você ganhasse esse baixo, qual seria a primeira música que tocaria nele?”. Nos comentários, respondi que se eu ganhasse o baixo, faria um grande esforço para aprender a própria música “Fake Healers”, que para mim tinha uma das linhas de baixo mais incríveis e desafiadoras que eu conhecia. Como eu não ganhei o sorteio, me consolei com o alívio de não ter que aprender a tocar aquilo. Coitado, mal sabia eu o que o futuro me reservava – “cuidado com aquilo que você deseja”.

Na virada de 2017 para 2018, eu finalmente tomei a decisão que eu havia adiado por metade da minha vida. Meu sonho não poderia mais esperar, o tempo estava acabando, e se eu não fizesse isso, correria o risco de padecer no arrependimento, e amargurar o “e se eu tivesse tentado?” para o resto da vida. Deixei meu emprego estável de dez anos em uma empresa sólida, para arriscar tudo na incerteza de um sonho. E não demorou para que o “cosmos” me apresentasse novos caminhos. Um mês depois da mudança na minha vida, fiquei sabendo que não teria um estúdio disponível para gravar o meu disco como o planejado e teria que correr atrás de novas alternativas. Na primeira das coincidências, quem entrou em contato comigo foi o próprio Thiago Bianchi, vocalista da Noturnall e dono do Estúdio Fusão, um dos melhores estúdios do Brasil, oferecendo o estúdio e seus serviços como produtor musical. Na próxima coincidência, ele estava fechando uma turnê com nada menos que o vocalista de uma das minhas bandas favoritas, James LaBrie, do Dream Theater, turnê que inacreditavelmente passaria pela minha cidade, Florianópolis, e pela capital do estado vizinho, Curitiba. Por ser na minha região, e por estarmos começando a trabalhar juntos, foi natural para ele chamar minha banda para abrir essa turnê.

Em pouco tempo, criamos uma relação muito forte, rolou uma química grande, nos identificamos em vários pontos, dois caras sonhadores com ideias malucas, que todos ao redor desdenham, e dispostos a apostar tudo no que acreditamos. O convite da turnê se estendeu para outros shows, inclusive uma participação minha no próprio show da Noturnall em um festival em Juiz de Fora, junto com Sepultura, em que eu cantei uma música junto com Thiago e toquei outra no baixo.

Daí para frente é difícil explicar o inexplicável, mas o inacreditável aconteceu. Um ano depois, me atribuíram a responsabilidade de substituir uma pessoa que admiro muito, um dos maiores baixistas do Brasil, tocando ao lado de grandes ídolos meus, começando por uma turnê do outro lado do planeta para mais de 20 mil pessoas, e com outra já em vista ao lado de alguém que considero o melhor do mundo no que faz.

E para quem já acompanhava o meu trabalho e quer saber o que acontecerá com o XAKOL, a resposta é que continuará da mesma forma como começou, como meu projeto solo e, agora trabalhando direto no Estúdio Fusão, podem esperar que muito mais material de qualidade estará por vir.

Depois de tudo isso, não sei como terminar essa história sem algum clichê do tipo “acredite nos seus sonhos e blá blá blá”. Mas basicamente é isso, o sucesso nunca é garantido apenas pela tentativa, mas pela falta dela o fracasso é certo. A partir do momento em que eu decidi que deveria morrer lutando pelo que me faz feliz ao invés de viver a vida que os outros esperavam de mim, as coisas começaram a acontecer. Portanto, nunca desistam do que realmente faz vocês felizes e que lhes traga senso de realização e propósito no mundo.

Sou muito grato a todos que me apoiaram e me incentivaram nessa jornada e que caminharam junto comigo. Abraços!

Saulo “Xakol”.